Passamos o dia a conversar. As conversas são a mais eficaz e a mais humana forma de comunicação. É através delas que manifestamos as nossas ideias e nos enriquecemos com outras tantas que são partilhadas connosco. Em variadas situações, somos obrigados a substituir as conversas por e-mails, relatórios ou apresentações, mas um bom diálogo faz maravilhas. É sempre este o conselho que dou quando vou às empresas dar formações: “Querem melhorar a comunicação na empresa? Então, melhorem as conversações”. É deste encontro entre duas pessoas que saem frutos. Pessoas ligam-se a pessoas – foi isso que a rádio me ensinou.
Todos nós temos memória de boas conversas que tivemos na vida. Sentimos que as palavras fluem, que há sintonia. A conversa é como uma dança, uma dança verbal, que depende de dois. E, como sabemos, as danças têm algumas regras e movimentos próprios. Numa valsa, quando o homem avança com o pé esquerdo, a mulher recua o direito. E nas conversas? Que regras devemos seguir? Vou dar-lhe algumas dicas simples para que esta dança se torne ainda mais harmoniosa.
Comecemos pelo lado de quem fala. Há alguns erros que podemos evitar, se nos esforçarmos por:
– melhorar a assertividade. É frequente acharmos que alguém percebeu a nossa mensagem e vai agir numa determinada direção só porque temos a clara convicção de que percebeu exatamente o que lhe queríamos dizer. Só mais tarde percebemos que a ação não se concretizou porque a nossa comunicação não foi assertiva. Quem comunica com assertividade comunica de forma transparente e honesta;
– falar melhor português. A simplicidade na comunicação é fundamental. As ideias e o vocabulário querem-se simples e claros. Por isso, em vez de compliquês, fale antes português. DICA: mantenha as frases curtas e não abuse dos advérbios;
– reduzir a informação porque o nível de atenção das pessoas não é infinito. Vivemos no tempo da economia de atenção. Se dermos dados em excesso, teremos dois problemas: por um lado a pessoa pode perder-se e acabar por reter muito pouco ou nada daquilo que dissemos. Por outro lado, se damos informação de forma indiscriminada e sem critério, estamos a transferir para a pessoa que nos ouve o poder de selecionar o que é para si mais importante, em vez de sermos nós a definir o rumo da conversa.
Note, contudo, que a qualidade de uma conversação depende mais da qualidade da escuta do que do discurso. E também aqui podemos ter algumas ideias em conta:
– devemos começar por investir tempo a ouvir. Limpar a cabeça daquilo que queremos dizer a seguir e ficar simplesmente à escuta. Estamos a mostrar recetividade se estivermos atentos à partilha do outro e a conversa flui muito melhor se montarmos as nossas próprias ideias a partir daquilo que acabámos de ouvir;
– esclareça aquilo que ouve. Um bom ouvinte clarifica aquilo que ouve, faz perguntas para perceber se aquilo que concluiu é corresponde aquilo que a pessoa queria dizer. Os bons ouvintes não fazem suposições e não chegam a conclusões precipitadas;
– certifique-se de que mantem a mente aberta. Ninguém gosta de manter um diálogo com alguém que é escravo das suas próprias crenças e que permanece irredutível sem nunca mostrar abertura. Ter opiniões diferentes é normal, mas é saudável que se façam cedências. É importante deixarmos outros pontos de vista pairarem aqui e ali, para, de vez em quando, adotarmos um ou outro.
Espero que estas dicas tenham sido valiosas para si. Não se esqueça de aplicá-las e… boas conversas!