Saber comunicar tem tudo a ver com a confiança e com o entusiasmo que transmite, com as palavras que escolhe, com a forma estruturada, direta e clara com que apresenta as suas ideias e, finalmente, tem a ver com a inspiração e com a motivação que é capaz de espalhar pelos que o rodeiam. O que é preciso para ser um bom comunicador? Acima de tudo ter o desejo de o ser e ter a convicção de que pode melhorar esta competência, em qualquer momento da sua vida.
De todos os pilares da comunicação, que considero essenciais para que possa tornar-se um grande comunicador e uma pessoa mais influente, destaco quatro: saber escutar, contar mais histórias, ser autêntico e, por fim, procurar a simplicidade. Considere estes quatro pilares como os básicos da comunicação e recorde alguns aspetos fundamentais em relação a cada um deles:
Primeiro fundamento: escutar mais e melhor
Quando penso nas pessoas mais influentes que conheço, aquelas que têm uma vontade inabalável de deixar a sua marca no mundo, encontro em muitas delas esta característica: a vontade de entrar na mente e no coração dos outros e uma curiosidade insaciável para compreender o ser humano que têm na sua frente. São pessoas que consagram o seu tempo a descobrir quem é, o que pensa e sente o outro, que escutam ativamente e não se põem em destaque a qualquer custo numa conversa.
Um estudo da PWC, sobre cultura organizacional e resistência à mudança, envolveu mais de 2000 executivos, gestores e colaboradores de empresas mundiais e chegou a conclusões interessantes acerca dos motivos pelos quais existem barreiras à transformação e à mudança. 44% dos inquiridos indicaram que a razão que os levava a resistir a iniciativas de mudança era não compreenderem a iniciativa. Qualquer que seja a mudança a implementar é crucial ouvir primeiro.
Para que as suas conversas sejam cada vez mais produtivas e eficazes deixo-lhe algumas técnicas ligadas a esta capacidade primordial que é escutar:
- Faça a sua primeira interpretação do que está a ser dito
- Confirme se o que entendeu está correto
- Readapte o seu ponto de vista se necessário
E lembre-se: se deseja ser um bom conversador torne-se um ouvinte 100% presente e atento, genuinamente interessado em ouvir o que os outros têm para lhe contar. Colocar os outros no centro é um dos requisitos para aumentar o seu poder de influência.
Segundo fundamento: contar histórias
Desde a antiguidade que as contamos e desde que somos crianças que as gostamos de ouvir então por que motivo as deixamos de parte, quando crescemos? O primeiro passo para ter sempre a certeza de que tem histórias para contar é criar uma base de histórias, um documento que permite inventariar e categorizar todas as histórias que vai testemunhando. Não vale a pena dizer que não tem, todos nós somos um somatório de acontecimentos e de histórias que devem ser contadas. Sabe aquelas que conta num jantar de amigos ou em família na noite de Natal? Sim, essas são as primeiras que devem ser transcritas para um documento. Ainda tem tempo.
O primeiro passo para introduzir histórias em momentos chave das suas comunicações é sentir claras vantagens em partilhar as suas experiências com os outros. Tenho a plena convicção de que não adianta forçar. Acredito que partilhar experiências pessoais é uma via extremamente eficaz para se estabelecer uma ligação de confiança e empatia. As histórias pessoais despertam emoções e esta via, a da emoção, é tão importante, quando se pretende comunicar com influência.
Terceiro fundamento: ser autêntico
Uma das formas mais eficazes de conseguir que as pessoas criem uma ligação de empatia consigo, e com as ideias que defende, é mostrar um pouco da pessoa que é. Quando apresenta um produto ou uma ideia, é importante que aquela apresentação faça todo o sentido quando é você que lhe dá vida. Se tanto pode ser feita por si como por outra pessoa, então falta-lhe autenticidade. Ser autêntico é criar a impossibilidade de se ser substituído naquilo que nos torna únicos. Os grandes líderes e influenciadores que são autênticos projetam sempre algo sobre si em cada interação importante, sem recearem que as pessoas os vejam como são.
Ser autêntico é honrar aquilo que o caracteriza, é ter uma noção clara dos desafios que superou, das suas origens e valores e é não hesitar em partilhar alguma dessa informação com os outros de uma forma consistente.
Quarto fundamento: simplificar
Quando falamos de forma simples, quando conseguimos expor as nossas ideias de maneira a que todos entendam, é meio caminho andado para chegarmos a quem nos ouve. Quantas vezes dá por si a ouvir alguém e pensa: não percebi o que ele disse? E mesmo quando estamos a falar para pares, para pessoas que assumimos que têm o mesmo conhecimento que nós, é sempre mais fácil conseguirmos que retenham as mensagens que transmitimos se estas estiverem construídas de uma forma simples e direta. A simplicidade dá trabalho, implica um esforço de conversão das ideias iniciais, que fazem todo o sentido na nossa cabeça, mas que, se forem transmitidas nesse estado mais “bruto”, não vão ter o efeito que pretendemos. É preciso fazê-las passar por esse processo de simplificação.
Estas são quatro estratégias que deve ter em conta numa qualquer interação. São os essenciais da comunicação interpessoal: escutar mais e melhor, contar histórias, ser autêntico e simplificar.